HÁ SEGURANÇA EM ESTAR NAS MÃOS DE DEUS

27/07/2012 08:33

O Apóstolo Paulo era um homem seguro em Deus. Tanto em relação a sua vida, comprometido como era, quanto em relação ao que Deus estaria realizando na vida de todos aqueles que permitissem as operações dos Céus.

Sobre si próprio, Paulo fez várias afirmativas extremamente interessantes. Dizer que não mais vive ele, mas Cristo é quem vive nele (Gl 2.20) é algo tremendo. Isto só é alcançável por alguém que tenha entendido a importância de se oferecer como sacrifício vivo e santo ao Senhor (Rm 12.1).

Sua dedicação foi tão profunda que chegou a afirmar algo que a princípio lhe dá a imagem de muita arrogância: “sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (1 Co 11.1). É muita ousadia da parte de um mortal. Contudo o nível de entrega, de renúncia, de cristocentrismo com que ele viveu, desde sua conversão (cap. 9 de Atos), permitiu que ele pudesse ser modelo nisto, como Cristo foi modelo de dedicação às coisas do Pai.

Agora em uma perspectiva de quem já tinha passado por muitas abençoadas experiências espirituais, em boas e más situações, estando prisioneiro em Roma, afirma, exultante, que tinha “confiança nisto, que aquele que em vós começou a boa obra, a completará até o dia de Jesus Cristo” (Fp 1.6).

Paulo está falando aqui de algo maravilhoso, que expressa em palavras algo que deve estar em nossas vidas. É a segurança em estar nas mãos de um Deus que realiza tudo em nós. Deus foi o que nos chamou (2 Pe 1.3), nos amou primeiro (1 Jo 4.19), nos trousse para o reino de sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9). Se de alguma forma nossos ouvidos hoje estão voltados para Ele, não é por algum atributo ou qualidade que tenhamos de nós mesmos, mas porque Ele está operando em nossas vidas, nos permitindo enxergar além de nossas limitações. É Ele agindo como autor e consumador de nossa fé (Hb 12.2).

Uma imagem que me vem à mente quando penso sobre esta garantia de Deus, de que tendo começado sua boa obra em mim, a completará até o dia em que me encontrarei com Cristo tem a ver com o que ocorre em uma linha de montagem, por exemplo, de um carro. Desde a primeira peça, o veículo passa a ser conduzido, por uma esteira, ou por um sistema que o mantém suspenso, de modo que na medida em que segue sua trajetória, claro que sem se desviar dela, vai agregando aquilo que precisa para ser valoroso e útil.

É maravilhosa a convicção de que Deus nos conduz pelo caminho que precisamos trilhar para receber o melhor dEle. Deus nos dá as experiências que precisamos. Se deixarmos, Ele nos faz passar por cada departamento, cada técnico, cada máquina, cada fase do processo, nos momentos exatos, para que recebamos aquela parte que nos dará condições de receber outras partes, e desenvolver em nós tudo aquilo que precisa ser desenvolvido. Deus sabe fazer a parte dEle. Se deixarmos, Deus faz.

O problema é que há um segredo ai, difícil para os sacrifícios vivos (Rm 12.1): não abandonar o caminho certo a seguir. Se deixar ser conduzido pelo Espírito de Deus não é algo para carnais. Já tentou sacrificar um animal vivo? Ele não vai querer ficar no altar. Eu também sou assim, e você também. Gostamos de sair do altar e caminhar por nossos próprios rumos, buscando reconhecimentos, vantagens e interesses. Gostamos de ser dirigidos por nossas compreensões carnais, indo por caminhos que nos parecem mais interessantes. E na maioria dos casos estas nossas perspectivas escondem ao final a morte espiritual.

Quantos de nós temos faltado à aula de Deus, só porque naquele dia seriamos disciplinados, forjados, trabalhados com mais intensidade? Quantas vezes não saímos daquela condição de conduzidos por Deus? Naquele momento em que Deus iria nos ensinar algo mais, agregar a nossas vidas aquela experiência (muitas vezes aparentemente ruim), faltamos à aula, mudamos de escola, buscamos uma forma de não passar por aquela experiência que nos machucaria, sendo exclusivamente dirigidos por nossa carne.

Sabe queridos, eu e você tendemos a pensar que nossos caminhos são os melhores para nós. E por isto de vez em quando retomamos a condução de nossas vidas. É uma forma de expressar que não estamos confiando no motorista, ou no processo pelo qual Deus nos faz passar. É dizer: eu sei o que é melhor para mim. Não preciso passar por este ou aquele processo, onde podem querer me tirar um pedaço, torcer minha carcaça, fazer um buraco, retirar um componente, mesmo que tenha estado em mim apenas por um pouco de tempo, até que cumprisse sua função. Se a situação não me parece bem, saio da linha de montagem. Assumo o controle e sigo para aquela direção que melhor atenda aos meus sentimentos, minha vontade e minha razão.

É por isto que Paulo fala que a inclinação da carne gera a morte, mas a inclinação para as coisas do Espírito gera a verdadeira vida (Rm 8.5-8). Ser dirigido por nossos sentimentos é inclinação para a carne. Ser dirigido por nossas vontades é inclinação para a carne. Ser dirigido por nossa razão, nossa capacidade humana de julgar as circunstâncias, é inclinação da carne. E ao final são impedimento a que Deus possa nos conduzir por sua linha de montagem.

Nosso desafio é colocar cada situação diante de Deus, e deixar que Ele nos oriente. Isto implica em deixar que Ele conduza as coisas, falando em nós e para nós. Ele saberá usar da Palavra, das situações, das pessoas que possuem legalidade para serem instrumentos dele em nossas vidas, como pais, cônjuges, líderes, restando a nós a necessidade tão somente de confiar que aquele que começou uma maravilhosa obra em nossas vidas a levará até o final .

Esta verdade não nos autoriza a sermos inertes, imóveis, irresponsáveis, pois a Bíblia claramente nos promoveu a condição de cooperadores de Deus (1 Co 3.9). Estar seguindo literalmente o texto que diz “aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10) implica em desconsiderar tanto o que o próprio texto quer ensinar, como o restante das escrituras, que de nós exige compromisso com o “ide” de Mateus 28, envolto nisto todo o conjunto de atitudes e ações que vão permitir que granjeemos mais talentos com os que já temos recebido.  

E mais ainda, o texto de Fp 1.6 não nos autoriza a tocar nossas vidas como nós parece melhor, jogando toda a responsabilidade para Deus, afirmando, como muitos fazem, que “as coisas são do jeito que são porque Deus quis assim”. Na maioria dos casos não foi a vontade de Deus que esteve operando, mas a nossa própria. Muitos de nossos problemas advêm de nossa própria má orientação (Tg 1.14). Não são muitos os problemas que temos porque fomos fieis à Palavra de Deus. E estes são verdadeiramente os problemas que devem alcançar nossas vidas, os que nos permitem ser reconhecidos por Cristo como “bem aventurados” (MT 5.10-12). 

Bom, com certeza você já sabia disto: se deixarmos, Ele fará sua melhor obra em nós. Mas precisamos deixar que Ele tenha possibilidade de nos conduzir pelo processo. Nem tudo serão flores, doçura, tranqüilidade, mas como diz o corinho, “com Cristo no barco tudo vai muito bem”. Cristo quer completar sua obra em nós, e Ele é o melhor no que faz. Vamos juntos nessa aventura de fé!